Quando o Márcio trabalhava com delivery em Nova York e via aquela movimentação toda nos estúdios, não imaginava que se tornaria fotógrafo (e dos mais requisitados!). De lá pra cá, já fez várias campanhas lindas, editoriais e também capa pra Vogue!
FN – Como você começou?
MR – Bem, meu primeiro contato com a fotografia foi mesmo em NY quando eu trabalhava em um restaurante chamado 5th Avenue Salads e ficava na 47 com 5Av.
Eu fazia delivery de saladas nos estúdios de alguns fotógrafos, além dos escritórios de grandes marcas como Revlon, Loreal, Colgate Palmolive, Elite Models e muitos outros. Quando entregava nos estúdios, ficava sempre deslumbrado com aquele universo. Hoje, vejo todos os dias um monte de moto-boys fazendo entregas de tudo quanto é coisa no meu estúdio e sempre me vem a lembrança dos tempos de Manhattan. Depois disso, de volta ao Brasil comecei a fazer alguns books para as agencias de modelos.
FN – O que te atraiu na fotografia?
MR– O que me atraiu foi exatamente o clima que encontrava quando chegava nos estúdios. Enquanto lá fora estava aquele caos de Manhattan, muita buzina, barulho de corpo de bombeiros, fumaça, lá dentro do estúdio estava uma musiquinha boa, um cheiro bom de laquet de cabelo, gente bonita.
Sempre gostei de fotografar gente, gente bonita de preferência, nunca fui fotografo de parar o carro para fotografar uma paisagem no por do sol ou um ninho de beija-flor na jabuticabeira. Isso nunca me tesou, meu negocio é com gente, a química que rola entre modelo/fotografo, o timing de uma boa modelo, que sabe exatamente a hora do clic para mudar de pose e te oferecer novas alternativas, isso é incrível! Sinto até o cheiro da luz na pele!
FN – Quais fotógrafos você admira e mais te inspiram?
MR -Impossível não ser clichê nessa hora, impossível falar de fotógrafos sem falar de Helmut Newton, Richard Avedon, Herb Ritts e Irving Penn. Tive o privilegio de usufruir da obra dessas lendas quando elas ainda eram vivas, já que quase todos se foram na ultima década. Mas dos atuais, tenho uma grande paixão pelo trabalho do Tim Walker, adoro a teatralidade de suas fotos, sempre que posso e me dão a liberdade, procuro seguir na vibe dele, usando objetos estranhos e um certo romantismo nas cenas. Tenho adorado um cara chamado Javier Valhonrat, Greg Kadel, Camila Akrans só para fugir dos já conhecidos Mert , Alas,Inez , Steven Meisel e Steven Klein.
FN – Como é seu processo criativo?
MR -Depende, já fiz trabalho inspirado em algum filme, em algum video clip, livro, pintura e até em alguma foto da minha infância.
Mas o processo que mais me da prazer , é aquele em que posso me envolver com toda a construção das imagens junto com a stylist ou designer. Pensar no design do set, pensar nos objetos, na modelo, no cabelo, tudo isso. Fiz alguns trabalhos linkando moda com literatura que foram muito prazerosos. Eu sempre sofro um pouco com cada desafio, dependendo do trabalho tenho insônia, dor de barriga, mas essa adrenalina é que me mantém ativo. Sofro porque sou muito ansioso, fico pensando na luz, quero chegar na hora do trabalho com tudo resolvido. E quase sempre consigo executar exatamente como planejei durante a insônia. Poucas vezes mudei o rumo.
FN – O que você gosta de fazer no seu tempo livre?
MR -Todo ano, no réveillon, quando vou pular as ondas e fazer planos para o ano que se inicia, prometo ter mais tempo livre para minhas filhas e minha mulher. Mas aqui no estúdio é muita pauleira, muito trabalho.
Mas quase sempre vou pra Lagoa Santa onde temos uma casa de fim de semana, onde construí uma casa de boneca pra elas. Gosto bastante de ler sobre fotografia, estou lendo um livro que estou amando, chamado “Image makers, Image takers”. Recomendo demais.
Gosto de cinema,de internet, sou viciado em Guitar Hero. Gostaria de saber cozinhar, mas sou péssimo, em compensação a minha mulher é uma Chef de mão cheia.
FN – 5+: revistas! (no caso do Márcio o top foi 6+!)
MR – Já fui um grande revistólogo anônimo, era viciado e gastava um bom dinheiro com revistas importadas. Era meu grande vicio, nunca fumei e bebo pouco.
Mas de uns tempos pra cá tenho praticado um desapego. Dou uma folheada na revista, se ela for incrível, eu compro, caso contrario, devolvo para a prateleira.
Mas as minhas favoritas são a Numero, a ID, a Vogue Itália, a Vogue Francesa a Love e a W.
Ish, falei 6,preciso de um tempo pra eliminar uma! Não vou conseguir, muda a pergunta!
Para ver mais do trabalho do Márcio acesse: www.marciorodriguesphoto.com
por amaaandaaa